segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mudanças



Não sei o que acontece, às vezes parece que o mundo mudou muito rápido e, a sensação que tenho é de que, em alguns momentos, não acompanhei essa mudança. Como se eu não fizesse parte de nada, mas, ao mesmo tempo, de tudo. Como se tudo fosse um turbilhão, uma constante chuva de verão, ora uma tempestade, ora uma garoa fina, mas sempre presente.


Não que isso seja ruim, pelo contrário, me mostra que estou viva e principalmente, que vivo. Por mais estranho que possa parecer me sinto bem assim, nessa inconstância constante, presente, evolutiva e transformadora. Acredito que todos já se sentiram assim, pelo menos por um instante, como se esse não fosse seu mundo, mas ao mesmo tempo, completamente imerso nessa vida.


Vida essa que, em alguns momentos, nos leva pra onde ela quer: como o barquinho de papel é levado pela brisa leve de uma manhã de domingo, simplesmente entregue ao vento e a sensação de ser completamente livre. Mas isso não significa que temos nosso destino totalmente traçado, porque a vida é aquela que se vive e, não aquela que apenas se imagina, não criamos a estrada, mas decidimos a maneira de percorrê-la.


A partir do momento que tomamos consciência de que somos nós os andarilhos a percorrer essa estrada, o nosso mundo se modifica completamente, nunca mais será o mesmo, porque agora nós sabemos que nossas escolhas nos transformam nas pessoas que seremos no futuro. Cada passo dado, cada tombo e cada continuar o caminho, apesar das dificuldades, nos levam a percorrer mais uma parte dessa estrada.


Às vezes o caminhar pode ser difícil, porque temos que enfrentar tanto o sol forte, que teima em nos queimar, quanto à chuva, por mais fria que ela possa ser. Mas mesmo assim é necessário ser forte, é necessário continuar, é preciso enfrentar o medo do desconhecido, que pode estar em alguma curva da estrada, é imprescindível ter coragem em todos os momentos.


A coragem é uma conquista diária porque nunca se sabe as surpresas que essa estrada pode nos trazer, algumas vezes elas são boas e enriquecem nossa caminhada. Mas outras vezes, elas são dolorosas e nos marcam por todo o caminho, como uma ferida que não cicatriza ou como a falta de alguém, que não continuará mais a caminhada conosco, mas que pode estar nos esperando no fim do caminho.


Dessa maneira construímos a pessoa que somos e continuaremos a ser, atraímos para nós as pessoas caras ao nosso coração, pessoas que enchem nossa vida de significado, de coragem e de fé, pelo fato de acreditarem em nós, e no que somos capazes de realizar.


Essa é a beleza da caminhada, as companhias que encontramos pelo caminho, e passam a nos ajudar a enfrentar os obstáculos e as dificuldades, mesmo que a distância seja grande, mesmo que só as víssemos de relance, a simples lembrança de sua existência já acalma o coração e fortalece a vontade de continuar a jornada.



Lolo Araújo

Um comentário:

  1. Ei Loló, belíssimo texto! Alem de historiadora, você tem uma veia poética-filosófica? Parabéns pelo texto e fiquei com inveja do sapão...rsrs Bjão!!

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